A experiência de escrever um conto X

 

(Parece que a troca do nome do garçom funcionou. E também a mudança de título. Talvez eu pudesse terminar onde está, mas acho que precisa de algo mais. A filha do dono da padaria merece um desenvolvimento maior, e também um pouquinho mais do “lado humano”, digamos assim, dela e do pai, já que optei por esse título. Também darei nomes a dois personagens: dona Iara e seu Gil. Continuando, então: )

(…)

Nesse momento, escutei um alvoroço atrás de mim. Virei e, na porta perto do caixa, a senhora estendia a mão aberta para o dono da padaria.

Conta o senhor mesmo, Seu Gil. Dei uma nota de vinte, meu troco devia ser 13 e 50 e sua filha só me deu 11 e 25.  Pode contar. Estou falando porque tenho certeza que ela dá troco errado de propósito. É assim toda vez.

Rosto tão ruborizado que de longe dava para ver seu embaraço, Seu Gil se desculpa, todo sem jeito, Deve ter sido um engano, Dona Iara. Não vai acontecer outra vez, por favor, desculpe.

Engano, não. Só estou falando agora porque queria a prova que está aqui na minha mão. Essa menina não pode ficar no caixa ou sua padaria vai ficar com má fama, estou lhe avisando. Pode dar até polícia, isso não é coisa que se faça.

A senhora falava alto, sem se preocupar com a vergonha do Seu Gil nem com a fila esperando atrás dela. De onde eu estava, não vi a menina. Imaginei que estaria atrás do pai e sem fala.

Quase voltei para entrar na discussão. Mas outra vez me lembrei da menina descabelada em sua gruta. O mal já estava feito. O leite esparramado na porta da padaria.

Continuei meu caminho. E dessa vez, eu é que fiquei com dó.

Esse post foi publicado em Uncategorized. Bookmark o link permanente.

Deixe um comentário